📢 Viagem do Guilherme Cintra para a Estônia - Dia 3

O 2º (e último) dia de Conferência.
Alguns do principais aprendizados do dia:
- O soft power estoniano: Estônia, mesmo muito pequena, está se estabelecendo como liderança. Muitos africanos, países do leste europeu e da Ásia Central, aqui, não à toa. Vários dos países afirmaram que tiveram apoio da Estônia para estabelecer seus próprios frameworks. Estão em 25 países afinal
- Interoperabilidade regional como tendência: dados valem cada vez mais e a garantia que sejam integrados gera novas oportunidades de negócios e melhoria da vida dos cidadãos. Casaquistão falou sobre integração dos países da Ásia Central, ontem países africanos trouxeram as parcerias que estão conduzindo. Eventualmente, isso pode ser algo a integrar mais o mundo não só na camada de conectividade como para uma evolução na transmissão de dados. Negócios se interessarão por facilitar esse processo
- Novamente, a questão de confiança aparece, agora ao falar de cibersegurança: cada vez mais é consenso: não é uma questão se haverá um ataque mas sim de quando ocorrerão. Assim, o governo precisa ser transparente sobre essa questão além de demonstrar que conseguirá evitar ao máximo mas quando ocorrer irá estar pronto para mitigar seus efeitos, recuperação rápida e aprender para evitar novos problemas
- Cibersegurança é uma questão de cooperação internacional: Se “software irá comer o mundo” como diz Marc Andreessen, isso também está acontecendo em termos de segurança. As guerras já são lutadas no ciberespaço e a cooperação aqui tende a se fortalecer. Dito isso, há um risco moral de os países menos desenvolvidos não evoluírem suas próprias capacidades em um mundo conectado e depender de países mais desenvolvidos. Isso deve ser evitado
- O cidadão precisa ser capacitado: afinal é também responsável por sua própria segurança e gestão de dados. Devem entender que os dados são deles mesmos. Porém, para isso ser viável, o governo deve apoiar na formação do cidadão em uma “alfabetização digital”. Essa educação gera resiliência (ou como uma oficial da União Europeia chamou, “firewalls humanos”, a maior instância de cibersegurança possível). Como estratégia, anteriormente, pensava-se em gerar medo nas pessoas, porém ao longo do tempo percebeu-se que ao se fazer isso, as pessoas se afastam e não lidam com a questão. A questão chave agora é como empoderar as pessoas nessa questão
- Problema de governança em governos é geral: isso é uma questão de humanos em organizações. Empresas também passam por isso. Não queremos perder poder e portanto, criamos silos de serviços e dados. De países mais avançados no tema, como a própria Estônia, até menos, como Uganda, todos citam essa questão. Repensar essa lógica para tornar lógica mais transversal é fundamental
- Outra questão geral é a criação de uma cultura data driven como default: os oficiais estonianos apresentaram contínua insatisfação com a forma como não tomam decisões embasadas em dados nos escalões mais altos. Ou seja, não é um problema brasileiro apenas (não sei se isso me consola ou preocupa…) Sem essa cultura, há a dificuldade de se partir desde a origem de KPIs operacionais com objetivos bem definidos, criando soluções mais adequadas
- Digitalização como equalizador: por mais que a tendência seja entender as ferramentas digitais como geradoras de desigualdade, existe uma outra visão. A de que podem reduzi-la. Isso porque, a digitalização bem feita, permite a redução de corrupção, aumento de transparência e redução de ineficiências. O exemplo da Estônia onde em menos de 2 décadas saíram de um PIB per capita 1/275x o tamanho do da Finlândia para aproximadamente o mesmo. Os países em desenvolvimento tem uma oportunidade, se priorizarem essa pauta. Nesse sentido, o exemplo estoniano é de que o que convenceu os políticos foi mostrar que poderiam economizar recursos e, desse modo, garantir votos. Quem sabe…
- Servidores precisam ser formados para ter o Mínimo Conhecimento Viável: para quem segue nossa newsletter, o segredo é que não fomos nós que inventamos o nome (quem não segue manda mensagem e me avisa)… a primeira vez que ouvi falar foi por um professor chamado David Eaves da University College London. Ele desenvolveu um curso “Teaching Public Service in the Digital Age” que parte da premissa que precisamos dar o MCV em tecnologia para que seja possível que servidores públicos tomem boas decisões. Foi excelente ver também, nas conversas paralelas, o interesse de líderes públicos de diversos estados do país querendo levar esse tipo de formação para seus estados. E o curso já está em português e é aberto! Se quiser receber o material, me avise. Para dar uma palhinha, seguem as 8 competências que o gestor público deveria ter segundo o curso:
- 1: É sensível às experiências por que passam os usuários do serviço e é capaz de colaborar com especialistas para entender as necessidades dos usuários e, a partir daí, projetar, testar e adotar soluções eficazes.
- 2: É capaz de antecipar e mitigar os riscos à privacidade, à segurança e à ética inerentes ao governo na era digital.
- 3: Entende a necessidade de combinar habilidades tradicionais de serviço público com habilidades digitais modernas e consegue efetivamente trabalhar em equipes multidisciplinares e liderá-las.
- 4: Entende a importância da iteração e dos ciclos de feedback rápidos e consegue criar um ambiente de trabalho de aprendizagem contínua e melhorar resultados.
- 5: Consegue identificar as oportunidades de melhorar o funcionamento da administração pública, a prestação de serviços ou a formulação de políticas, e consegue superar obstáculos estruturais e institucionais à mudança.
- 6: Consegue usar uma variedade de técnicas e ferramentas para tornar o governo mais aberto, colaborativo e capaz de prestar contas.
- 7: Entende como usar dados para informar decisões, projetar e executar serviços e criar valor público dentro e fora do governo.
- 8: Entende as potencialidades atuais e futuras das tecnologias digitais e consegue avaliar como elas podem ser usadas para melhorar os resultados públicos.
E amanhã, é dia de visitar a Finlândia para conhecer a Agência Digital deles, visitar a Nokia e aprender um pouco mais!
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