📢MCV #33: Retrospectiva 2023 - Desenvolvimento de lideranças diversas

Prezadas leitoras e prezados leitores,

O MCV nasceu em 2023 com a missão de semanalmente oferecer uma curadoria dos temas essenciais para a construção de um Brasil mais justo e avançado. Conforme 2023 foi chegando ao fim e fomos nos preparando para adentrar 2024, entendemos a importância de refletir sobre os marcos que delinearam a educação pública e o desenvolvimento de lideranças ao longo deste período.

Enquanto mergulhamos na retrospectiva dos principais temas do ano, convidamos vocês a refletir sobre os desafios superados, os progressos alcançados e, mais crucialmente, os caminhos que ainda estão por percorrer para promover mudanças significativas na educação e no desenvolvimento de lideranças, mantendo-nos atentos à diversidade, à equidade e à inclusão.

Que o próximo ano nos encontre fortalecidos em nosso propósito de termostodas as pessoas em seu pleno potencial fazendo um Brasil mais desenvolvido e justo para todos. Agradecemos por fazerem parte dessa jornada e desejamos a todos e todas um ótimo 2024!

UMA DOSE RÁPIDA DE CONHECIMENTO

Em 2023,celebramos avanços significativos na formação e no fortalecimento de lideranças diversas, como a Lei de Cotas e o compromisso do governo em ter no mínimo 30% dos cargos de comissão na administração federal direcionado a pessoas negras. Em contrapartida a esses dois temas, lamentamos a decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos que declarou inconstitucionais as ações afirmativas raciais em universidades, representando um retrocesso na busca por equidade racial no Ensino Superior norte-americano, e reforçamos nosso compromisso com a diversidade racial e de gênero no setor público após estudo realizado pela República.org que, ao lado da Fundação Lemann e do Instituto Humanize, que compõe a Aliança Vamos, revelou que apenas 35,09% dos servidores públicos ativos do Executivo Federal são negros, e que a falta de representatividade se acentua em cargos de liderança que, por consequência, são cargos de maior remuneração.

PARA APROFUNDAR SEU CONHECIMENTO

Nova Lei de Cotas é sancionada pelo presidente Lula em de 13 de novembro

https://mundonegro.inf.br/nova-lei-de-cotas-e-sancionada-pelo-presidente-lula-na-manha-desta-segunda/

(Português, 4 min, texto)

Resumo
Em 2023, o presidente Lula sancionou a nova Lei de Cotas, que reservou vagas para estudantes pretos, pardos, indígenas, quilombolas, egressos de escolas públicas, provenientes de famílias com renda inferior a um salário-mínimo e meioper capita, e estudantes com deficiência. Aprovada no Senado em outubro, a lei foi prorrogada por mais dez anos. Com mudanças como a inclusão de estudantes quilombolas e a redução da renda familiarper capitapara um salário-mínimo, os cotistas agora têm prioridade na concorrência às vagas da ampla concorrência antes de disputarem as reservadas para cotas.

Por que importa?
A nova Lei de Cotas representa um marco significativo na política educacional brasileira, sendo um avanço notável na promoção da inclusão e justiça social. Ao reconhecer as desigualdades históricas, a lei busca corrigi-las, proporcionando mais oportunidades para grupos historicamente marginalizados. Além disso, a inclusão de estudantes quilombolas e a alteração na distribuição das vagas refletem um esforço para tornar o acesso à educação superior mais equitativo. Assim, a extensão da lei para a pós-graduação amplia seu impacto, promovendo a diversidade e inclusão em níveis mais avançados de educação.

Governo Federal destina 30% de cargos em comissão e de confiança a pessoas negras

https://valor.globo.com/brasil/noticia/2023/03/22/governo-federal-destina-30percent-de-cargos-em-comissao-e-de-confianca-a-pessoas-negras.ghtml

(Português,2 min, texto)

Resumo

Em março de 2023, o governo federal, por meio de decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, determinou que, no mínimo, 30% dos cargos de comissão e funções de confiança na administração federal sejam ocupados por pessoas negras até 31 de dezembro de 2025. A medida visa promover a representatividade e combater a desigualdade racial, sendo supervisionada pelos Ministérios da Igualdade Racial e da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos.

Por que importa?

A iniciativa buscou promover a equidade racial na administração pública, garantindo maior representatividade e oportunidades para pessoas negras em cargos de liderança. Certamente, é um passo significativo na promoção da diversidade e combate à discriminação racial, alinhando-se a esforços para construir um ambiente mais inclusivo e igualitário no setor público.

Em evento da Fundação Lemann, CEO da OpenAI, Sam Altman, fala como mitigar riscos da AI

https://fundacaolemann.org.br/releases/em-evento-da-fundacao-lemann-ceo-da-openai-sam-altman-fala-como-mitigar-riscos-da-ai

(Português,3 min, texto)

Resumo

Em 18 de maio de 2023, no Museu do Amanhã,a Fundação Lemann Convida recebeu Sam Altman, CEO da OpenAI. Altman compartilhou uma visão futurista centrada no ser humano, com avanços científicos acelerados e tutores pessoais para todos. No entanto, alertou sobre riscos, defendendo regulação internacional e diálogo. A cientista Nina da Hora, presente no evento, destacou a importância de evitar viés racial e injustiça em algoritmos.

Por que importa?

O evento, com a presença do CEO da OpenAI, proporcionouinsightsvaliosos sobre o futuro da inteligência artificial (IA) e os desafios associados. As reflexões de Sam Altman sobre regulação e diálogo internacional ressaltam a necessidade de abordagens éticas. Nina da Hora trouxe à tona a importância de considerar questões como viés racial, destacando a relevância desses debates para um desenvolvimento tecnológico mais inclusivo e justo. O diretor de Tecnologia e Inovação da Fundação Lemann, Guilherme Cintra, compartilhou cinco destaques do encontro, abordando a velocidade das mudanças, a importância do debate global, a necessidade de coletar sistemas de valores, a meta da IA geral e a centralidade das pessoas.

Negros são minoria no serviço público federal e têm menores salários

https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2023-10/negros-sao-minoria-no-servico-publico-federal-e-tem-menores-salarios

(Português, 7 min, texto)

Resumo
Um estudo realizado pela República.org que, em parceria com a Fundação Lemann e o Instituto Humanize, compõe a Aliança Vamos, que tem por finalidade o fortalecimento das lideranças do setor público e do Terceiro Setor, revelou que apenas 35,09% dos servidores públicos ativos do Executivo Federal são negros. A falta de representatividade se acentua em cargos de liderança que, por consequência, são cargos de maior remuneração. Além disso, a desigualdade de gênero é evidente, com mulheres negras recebendo salários 33% menores do que homens brancos. O texto também traz como a Lei de Cotas ajudou a aumentar a representatividade negra no serviço público, mas há esforços para estender e fortalecer essas medidas afirmativas, incluindo a reserva de 30% dos cargos de confiança para pessoas negras e a prorrogação da Lei de Cotas.

Por que importa?
Mais da metade da população do Brasil é composta por pessoas negras, representando 55,7% dos brasileiros, mas quando olhamos para o serviço público, esse grupo não está bem representado. Segundo a Síntese de evidências sobre a presença de mulheres e pessoas negras em cargos de liderança e autoridade, realizada pelo Núcleo de Estudos Raciais do Insper (Neri) a pedido da Fundação Lemann, a representatividade negra em posições de liderança traz inúmeros benefícios. No setor público, líderes negros são mais propensos a propor políticas de inclusão, engajar politicamente a população e aumentar a participação da força de trabalho negra. Além disso, a presença de líderes negros tem impacto positivo na educação e na representatividade política local.

Diversidade e democracia no serviço público

https://www.nexojornal.com.br/colunistas/2023/Diversidade-e-democracia-no-servi%C3%A7o-p%C3%BAblico

(Português, 2 min, texto)

Resumo
No artigo da coluna “Movimento Pessoas à Frente”, do Jornal Nexo, publicado em outubro de 2023, Clarissa Malinverni, gerente de Impacto da Fundação Lemann, e Michael França, pesquisador do Insper, coordenador do Núcleo de Estudos Raciais da instituição e membro da Rede de Líderes Fundação Lemann, destacaram a importância da diversidade no setor público. De acordo com um estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) realizado em dezembro de 2022, que analisou dados de 15 países da América Latina e do Caribe, foi identificado que o Brasil possui a menor representatividade de mulheres em cargos de liderança na administração pública. Apesar desse cenário desafiador, o artigo menciona o exemplo de Portugal, que demonstra que as estruturas podem evoluir em direção a uma maior equidade quando há consenso sobre sua importância. Neste ano, o Brasil deu um importante passo em direção à maior diversidade racial no setor público, quando o governo federal editou um decreto que reserva 30% das posições de liderança para pessoas negras.

Por que importa?
A pesquisa “Equidade e representatividade: síntese de evidências sobre a presença de mulheres e pessoas negras em cargos de liderança e autoridade”, realizada pelo Núcleo de Estudos Raciais do Insper (Neri) a pedido da Fundação Lemann, compila diversos estudos sobre o tema da equidade racial e de gênero. Lideranças públicas femininas, por exemplo, tendem a investir até 7% a mais em saúde e educação em comparação com os homens. Já as lideranças negras tendem a propor três vezes mais leis e políticas públicas dedicadas à inclusão.

Do projeto Aquilomba ao Encontro Anual: conexões para transformar o Brasil

https://fundacaolemann.org.br/noticias/do-projeto-aquilomba-ao-encontro-anual-conexoes-para-transformar-o-brasil

(Português, 5 min, texto)

Resumo
Em agosto de 2023, a Fundação Lemann organizou a primeira edição do Aquilomba e, também, abriu o Encontro Anual da Rede de Líderes, que se estendeu por todo o fim de semana em São Paulo, com a presença de diferentes perfis de lideranças. Foram dois eventos criados para fortalecer trajetórias profissionais de impacto social dentro de uma lógica de grupo – neste caso, um grupo que se conecta pelo interesse em transformar o país e construir um futuro mais justo e igualitário.

Por que importa?
Os debates e encontros reverberam a pluralidade de interesses das lideranças, refletem a gama de desafios que temos pela frente e, sobretudo, conectam pessoas qualificadas e de trabalhos excepcionais voltados para um país mais justo, avançado e com mais oportunidades para todas e todos.

Nota técnica “Conhecendo as lideranças públicas: desafios e oportunidades para ampliação da transparência de dados”

https://movimentopessoasafrente.org.br/materiais/conhecendo-as-liderancas-publicas/

(Português,20 min, texto)

Resumo

A pesquisa realizada pelo Movimento Pessoas à Frente e pelo Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC-FGV), e divulgada em setembro de 2023, avaliou a transparência das informações públicas sobre lideranças nos estados brasileiros. Os resultados destacaram a fragilidade dos bancos de dados públicos, evidenciando a falta de padronização das nomenclaturas e a ausência de dados desagregados por gênero, cor, raça ou origem étnica dos ocupantes de posições de liderança em todos os estados. A falta de informações consistentes impacta a compreensão das desigualdades no funcionalismo público.

Por que importa?

A transparência nas informações sobre lideranças no setor público é crucial para desenhar estratégias de gestão mais efetivas, atrair talentos e promover a diversidade. A pesquisa destaca a necessidade de padronização e maior divulgação de dados para compreender e abordar desigualdades, como a sub-representação de mulheres e pessoas negras em cargos de liderança. Acesse a pesquisa aqui.

Encontro Alcance 2023

https://www.instagram.com/p/C0eHeDOpMx7/?igshid=MzRlODBiNWFlZA==

​​(Português, 1 min, texto)

Resumo
O Encontro Alcance, promovido pela Fundação Lemann, ocorreu no dia 29 de novembro de 2023. O evento teve como objetivo impulsionar e inspirar pessoas negras e indígenas a estudarem no exterior. A transmissão está gravada e disponível no YouTube. O Encontro Alcance contou com a mediação de Raquel Helen, gerente da iniciativa Brasil on Campus da Fundação Lemann, o qual tem o propósito de impulsionar a experiência de estudantes brasileiros nas melhores universidades ao redor do mundo, e Naomi Xavier, participante do Programa Alcance Prep. Além disso, contamos com a presença de Jamille Ribeiro, jornalista que foi bolsista da Chiveling na Universidade de Westminster, Arthur Abrantes, primeiro negro brasileiro a se formar em Harvard, e Anna Venturini, diretora de Políticas de Ações Afirmativas no Ministério da Igualdade Racial.

Por que importa?
O Encontro Alcance buscou inspirar, informar e democratizar informações sobre pós-graduação no exterior, sendo um fomento para aumentar a diversidade em universidades de excelência, promovendo maior formação de líderes diversos e bem preparados, capazes de atuar para transformar o Brasil em um país mais justo e desenvolvido. Cabe ressaltar que o Programa Alcance é uma iniciativa da Fundação Lemann que atua na remoção das principais barreiras que brasileiros negros e indígenas enfrentam para estudar no exterior.

Manifestação da Fundação Lemann sobre decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos

https://fundacaolemann.org.br/noticias/manifestacao-da-fundacao-lemann-sobre-decisao-da-suprema-corte-dos-estados-unidos

(Português,4 min, texto)

Resumo

No início do mês de julho de 2023, a Suprema Corte dos Estados Unidos declarou inconstitucionais as ações afirmativas raciais em universidades norte-americanas, impactando o acesso de estudantes negros, indígenas e hispânicos ao Ensino Superior.

Por que importa?

A decisão da Suprema Corte representou um retrocesso na busca por equidade racial no Ensino Superior nos Estados Unidos. É notório que o fato afeta diretamente o acesso de grupos historicamente marginalizados à educação, contrariando princípios de inclusão e justiça social. O manifesto da Fundação Lemann destacou a importância de intensificar esforços para promover a diversidade em universidades estrangeiras, especialmente para estudantes brasileiros, e ressaltou a necessidade de aprofundar o debate no Brasil sobre a preservação e aprimoramento da Lei de Cotas, fundamental para garantir equidade racial na educação nacional.